Artigo de opinião por Graciela Martins, People and Culture Manager
Todas as gerações trazem desafios diferentes às organizações, fruto da evolução normal da sociedade que faz com que os objetivos e a forma como as pessoas vêm a relação laboral seja completamente diferente, alterando o futuro do trabalho, em constante evolução.
A geração dos nossos pais procurava estabilidade financeira, para lhes permitir constituir família, ter casa, carro…Um emprego que mantinham, muitas vezes, para toda a vida.
As gerações que estão agora a chegar ao mercado procuram aprendizagem, felicidade, realização, propósito.
Significa que não queiram estabilidade financeira e tudo o resto que procuravam as gerações dos avós?
Não. Mas não estão dispostos a conseguir isso colocando em causa o seu bem-estar ou a sua felicidade.
O que procuram então estas novas gerações no momento de escolher uma organização para trabalhar? Qual o futuro do trabalho?
Da minha experiência em recrutamento, particularmente ligado à área das TI, há três questões que os candidatos colocam sempre:
- Qual o modelo de trabalho?
- Qual a política de formação?
- Qual o plano de carreira implementado na empresa?
Nasceram num mundo conectado, com mudanças e evolução tecnológica constantes e com acesso quase ilimitado a informação a qualquer hora e em qualquer lugar.
Se por um lado isto lhes trouxe uma capacidade de adaptação, de assimilar grandes quantidades de dados e serem multitarefa contribuiu, largamente, para uma outra situação que me parece que pode ser um dos motivos desta mudança do paradigma do trabalho e esta preferência pelo trabalho remoto.
A forma como comunicam é completamente diferente. Até as conversas com os amigos é feita através de plataformas de comunicação. Esta é até, maioria das vezes, uma preferência à relação cara a cara.
Estes jovens estão, desde sempre, conectados.
Comunicam facilmente, utilizando toda a tecnologia disponível, mas é uma geração sozinha.
São, na sua maioria, fechados em si, e demonstram grande dificuldade de relacionamento cara a cara e este, para além da poupança do tempo em transporte casa-trabalho é, no meu entender, outro grande motivo para esta preferência por trabalhar remotamente.
São pessoas que acreditam que o trabalho não é um fim, mas sim um meio que lhes permite recursos financeiros para fazer outras coisas de que gostam.
Lidam bem com a mudança, isso não os assusta, pelo contrário, desafia-os.
Olham para a estabilidade como uma ilusão. O conceito de “trabalho para a vida” não existe.
São pessoas muito mais ambiciosas hoje, do que no tempo dos nossos pais e avós que trabalhavam uma vida no mesmo lugar, contentes com o que tinham, mas também porque as ofertas com certeza eram também bem menos que as que temos acesso hoje.
Esta é uma geração que, por norma, investiu muito na sua formação e isto faz com que sintam que ganharam o direito a serem reconhecidos e valorizados, numa ótica meritocrática, e também por isso a importância que atribuem à forma como se processa a evolução na carreira dentro da empresa. Estão nesta relação para contribuir para o crescimento e sucesso da organização, mas essa tem de ser uma via com dois sentidos.
Enquanto organização temos de ter a capacidade de potenciar, desenvolver e ter estratégias de retenção que passam por:
- Uma cultura forte, com um propósito;
- Employer experience. Olharmos para os nossos colaboradores e cuidarmos deles com o mesmo cuidado que cuidamos dos nossos clientes para que não optem por ir embora;
- Um bom ambiente de trabalho;
- Envolvimento dos colaboradores. Sentirem que são parte de algo maior, que o que fazem tem impacto.
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